19 setembro 2011

A pobreza americana e os neoliberais europeus

Uma data de americanos
que são uns tontos


De cada vez que alguém como eu e outros citamos e informamos sobre dados preocupantes relativamente à pobreza e outras desigualdades sociais nos EUA, há sempre uns rapazes que melhor não têm do que desvalorizar os dados, designadamente ensinando o padre-nosso ao vigário, ao insistirem  que estamos, nestas matérias, sempre a falar de pobreza relativa e nunca esquecidos que um pobre português vive pior que um pobre americano ou francês ou que vive melhor que um pobre indiano, sem que isso em nada diminua, atenue ou console cada país ou sociedade que vive o seu próprio problema da pobreza.

Agora, o oficialíssimo USA Census Bureau acaba de publicar um relatório em que revela que a pobreza atingiu nos EUA o maior número de cidadãos - 46,2 milhões - desde há 52 anos (o que não significa um aumento da percentagem - 15,1% da população - dado o aumento desta ao longo destas seis décadas).

A propósito disto, nos próprios EUA veio logo um estudo pago pela ultra-conservadora Heritage Foundation demonstrar que o padrão de vida dos pobres actuais era entretanto superior aos do pobres da Grande Depressão ou dos anos 60, coisa que havia de estar clara até a olho nu.

Os que costumeiramente em Portugal costumam responder sobranceiramente a estes dados sobre a sociedade americana (e, ai, os sobre as crianças são de fugir !) nunca me explicam é porque é que o USA Census Bureau perde tempo e dinheiro em certamente dispendiosos e complexos inquéritos anuais, que universitários em barda escrevem livros sobre o tema, que ene associações públicas privadas assumem a causa do combate à pobreza e que, por exemplo, o New York Times acaba de divulgar um extenso material sobre estes últimos dados do USA Census Bureau. Devem ser todos tontos.





ver melhor aqui
ou clicar na imagem.

O «Público» e as eleições no Estado de Berlin

Critérios, critérios



Leio no Público uma notícia de 14 linhas sobre as eleições ontem realizadas no Estado de Berlim. Reparo então que a notícia refere o resultado de apenas 4 partidos : o do SPD (29,5%), o da CDU (23,5), o do FPD (2%, sem obter representação) e a surpresa do Partido dos Piratas (7%). Se outras razões não houvesse, e há pois trata-se de Berlim, dou comigo a reparar que a soma desses resultados dá apenas 62% e que para 100% falta alguma coisa. E descubro que até a Wikipédia já informa (ver abaixo) que o Público se esqueceu do resultado  da Aliança 90-Verdes (com 17,6%) e de  Die Linke
por sinal a quarta força mais votada com 11,6% e cujo resultado tem significado político (neste caso não positivo) porque se trata da força que era aliada do SPD na governação do Estado.
Enfim, deve ser apenas o velho e crucificante drama jornalístico da fala de espaço.

18 setembro 2011

E terminando o dia com a portuguesa


Susana Santos Pinto






Do álbum Devils Dress

De novo em Lisboa

Estrella Morente


No El País online, desenvolvida e elogiosa notícia sobre a actuação de Estrella Morente, ontem em Lisboa, no Festival de Flamenco a decorer até hoje no Coliseu dos Recreios.

Pelo reconhecimento da Palestina como membro da ONU

Amanhã, 18 hs., Casa do Alentejo



70 FIGURAS PÚBLICAS DA SOCIEDADE PORTUGUESA SUBSCREVEM APELO AO RECONHECIMENTO DO ESTADO DA PALESTINA COMO MEMBRO DE PLENO DIREITO DA ONU

Correspondendo a uma iniciativa do MPPM, sete dezenas de individualidades representativas de todos os sectores da sociedade portuguesa, em que se incluem três galardoados com o Prémio Pessoa, subscreveram um apelo em que recomendam o Governo Português "a adopção, em todos os fóruns internacionais, e designadamente no Conselho de Segurança e na Assembleia-Geral da ONU, de uma posição favorável ao reconhecimento do Estado da Palestina, nas fronteiras anteriores a 1967, incluindo Jerusalém Oriental, como membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas". Os subscritores incluem professores universitários e investigadores, deputados ao Parlamento Europeu e à Assembleia da República, autarcas e vereadores, dirigentes sindicais, artistas plásticos, encenadores e actores, escritores e poetas e profissionais liberais.
O documento passa em revista os 64 anos decorridos desde que, em 1947, a Assembleia-Geral da ONU, aprovou a resolução número 181 que estabelecia o princípio da criação de dois estados, até ao presente, em que apenas o estado de Israel foi formalmente constituído e aceite como membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas, e remata: "Neste contexto, o reconhecimento do estado da Palestina, nas fronteiras anteriores a 1967, incluindo Jerusalém Oriental, como membro de pleno da Organização das Nações Unidas, constitui uma directa e legítima decorrência dos princípios consagrados, desde 1947, nas resoluções pertinentes da ONU. Tal decisão não exclui nem compromete a necessária regulação bilateral futura que determinará o desenho internacionalmente reconhecido das fronteiras do novo estado da Palestina. No quadro presente, contudo, atentas as ameaças que impendem sobre a viabilidade de uma resolução para este conflito justa e conforme com o direito internacional, o reconhecimento pleno direito da Palestina no seio da Organização das Nações Unidas traduz um renovado compromisso da comunidade internacional na implementação do princípio dos dois estados e apresenta-se, por isso, como uma contribuição útil para tornar realidade a sua concretização".

17 setembro 2011

Porque hoje é sábado (306)


Roseanne Vitro
 

A sugestão musical de hoje é dedicada
a uma grande cantora e songwriter de jazz,
a norte-americana Roseanna Vitro,último álbum se intitula
Roseanna Vitro and the music

of Randy Newman.





Sail Away

Um buraco sonegado e maior que a ilha

Bem pregam os freis laranjas



Se é barro atirado à parede, respondo que...

... nem 20%, nem 10%, nem 5%,tenha a EDP lucros menos exorbitantes !


~

A respeito desta notícia que parece parida por um spin governamental que aposta na técnica «sabendo que vai ser menos, façamos correr que vai ser de 30% o aumento de electricidade porque depois o povo vai dizer "vá lá, do mal o menos, não foi tanto como se disse"», só quero lembrar três coisas.

A primeira é que ainda há poucas semanas foi anunciado um extraordinariamente gravoso aumento do IVA sobre a electricidade.

A segunda é que tenho à minha frente uma factura da EDP referente a dois meses de consumos (ainda com o IVA a 6%) e com um valor total de 143.33 E. e onde se pode ler em letra pequenina : «* o valor indicado inclui os custos relativos ao uso das redes e os custos de interesse económico geral decorrentes das medidas de política energética, no valor de 73,10 E


A terceira é que talvez convenha lembrar aos que agora mandam que candeeiros a petróleo ou mesmo candeias podem dar para comermos ou queimar as pestanas mas não dão para fazer funcionar fogões, esquentadores, frigoríficos, televisores, rádios, computadores, campaínhas das portas e toda uma infindável série de sibaríticos luxos a que nos habituámos e que na última década tanto contribuiram a situação em que o país está.

16 setembro 2011

O "Público" e a Líbia ou...

...vejam como eu sou ingénuo

No post anterior, de ontem, dei como certo que hoje a edição impressa do Público não deixaria  de trazer uma notícia,  semelhante à do El País, sobre as declarações de novas autoridades líbias sobre o carácter e identidade islâmica do novo regime juridicamente regulado pela chamada Sharia.

Acontece que, na edição impressa do Público de hoje, não há nem uma linha sobre o assunto, havendo muitas sobre a visita de Cameron e Sarkozy. 

Mas estejam os leitores descansados, qualquer dia algum jornalista ou colunista daquele jornal (neste caso de não-referência) vir-nos-á doutamente ensinar que,  em maior ou menor grau, todos os regimes fundados na Sharia são propícios a porosidades e cumplicidades com a Al Qaeda e grupos afins.

15 setembro 2011

Maravilhas da imprensa portuguesa

Diferença horária,
mau vento e mau casamento ?


Via Bruno de Carvalho do «cinco dias» chego a importantes e esclarecedoras declarações  do presidente interino da Líbia ,Mustafá Abdel Yalil (antigo ministro da Justiça de Kadahfi),  reproduzidas em  El País  que anunciou que a Sharia (Corão) será a fonte jurídica do país e de um  vice-ministro, Al Gehmy,  que enunciou um principio democrático do mais alto valor, a saber  que «el borrador de la Constitución por la que se regirá el país establece que todos los "hombres y mujeres" son iguales ante la ley independientemente de su religión, su lengua, su tribu y su sexo. "Y así seguirá siendo", asegura. Sin embargo, se obligará a las mujeres a no emprender ningún viaje de larga distancia sin la compañía de un hombre».

Entretanto, quer na edição impressa de hoje quer na edição online do Público não encontro semelhante notícia embora online encontre a de que «Sarkozy e Cameron acolhidos em euforia na primeira visita à Líbia libertada». 

Enquanto não se esclarece em relação às viagens ao estrangeiro se são elas que os levam pela trela ou o contrário, resta-nos a consolação que pelo menos amanhã certamente o Público se ocupará deste momentoso assunto.

E concluo desabafando que, em matéria de imprensa escrita, há enigmas que sempre me perseguiram: o mais pequeno é este frequente atraso em relação à imprensa espanhola; o maior é que, depois de tão fenomenais avanços tecnológicos, os jornais passassem a «fechar» muito mais cedo do que no tempo da composição a chumbo.