31 agosto 2017

Ler faz bem

"Bipolar", uma ova !!!




Outros afazeres mais ou menos conhecidos impedem-me de comentar devidamente o artigo que, hoje no Público, o sociólogo Elísio Estanque dedica ao PCP sob o título «O partido "bipolar": uma crítica de esquerda».

Nesse contexto, sendo certo  que não deixei de registar um certa elegância na forma (tirando o título ) e até diversos elogios à acção e história do PCP, há entretanto um ponto nuclear e estruturante que, de imediato, não posso deixar a passar em claro.

É que Elísio Estanque escreve a dado passo que «o modelo soviético nunca foi, tanto quanto se sabe,  objecto de uma reflexão séria por parte do partido».

Perante esta afirmação, e embora sublinhando  que as reflexões sérias idealmente não têm fim, temo que seja legítimo pensar que Elísio Estanque nunca leu designadamente :

- «O Partido com Paredes de Vidro» de Álvaro Cunhal, publicado em 1986 (mas de redacção anterior à «perestroika») onde se defendem múltiplas concepções que não é preciso ser sociólogo para perceber que são um  implícito mas, apesar disso, óbvio distanciamento de algumas das principais perversões que mancharam projectos de edificação do socialismo;

-  a Resolução Política do XIII Congresso (Extraordinário), realizado em Maio de 1990 ( e depois completada  com a do XIV Congresso) em que o seu núcleo central é a análise crítica e autocrítica dos problemas e evolução dos países socialistas, a começar pela URSS;

- O Programa do PCP em vigor  que não só volta a condensar as análises críticas já referidas como expõe com apreciável desenvolvimento as características do socialismo que o PCP defende para Portugal e, ponto muito importante, estabelece dialecticamente  a interligação, a anos-luz de qualquer bipolariedade, entre a luta do PCP na actualidade, a sua luta pela democracia avançada e a sua luta pelo socialismo.

Se não for aborrecido ou demorado demais, convém pois ler antes de escrever certas coisas. Passar bem. 

30 agosto 2017

Cansado de martelar, hoje não me apetece mais

Compreendam o meu
desinteresse e, ao mesmo
tempo, a minha felicidade:
Cavaco ainda pia mas já
não manda nem decide.
Ufa !
É certo que não fui avisado mas, de qualquer modo, vade retro Satanás !




Hoje greve na Autoeuropa

Um «aposentado»
"espantado" com a decisão de
75% dos trabalhadores no activo


E passem bem ou vão dar uma volta ao bilhar grande todos os opinadores que acham que, por causa da importância da empresa, os trabalhadores têm de aturar tudo e mais alguma coisa ou que o dinheiro é tudo na vida dos seres humanos.

29 agosto 2017

Sobre a (esquecida ?) Turquia

Tem a palavra o
Nobel Orhan Pamuk




«(...)Vos critiques contre Erdogan ne s’articulent pas autour de l’opposition habituelle entre laïcs et religieux…




Je suis critique d’Erdogan pour son islam politique et son autoritarisme. Et s’il a bien détruit la démocratie en Turquie, la laïcité perdure. Vu de l’extérieur du pays, il y a une confusion sur ce point.Ou, la situation en Turquie est très mauvaise. Et on pleure sur notre sort. Mais autant pleurer pour les bonnes raisons : la démocratie et la liberté de parole sont détruites certes, mais la laïcité est là. Il reste aussi un résidu de démocratie électorale, ce qui permet à l’AKP (le parti au pouvoir – ndlr) de parler de démocratie, mais sans liberté de parole quand même.

Nous apprenons à survivre là-dedans. Toutes les organisations internationales respectables, qui surveillent ces sujets, sont unanimes : la Turquie est devenue sans conteste un des pires endroits dans le monde pour la liberté d’expression. Les journalistes, les commentateurs politiques sont dans la ligne de mire du gouvernement. Il faut être courageux pour parler et exposer des vérités aujourd’hui. Et être courageux ne suffit pas. J’ai donné une interview au

journal Hürriyet sur la situation du pays, juste avant le référendum. L’interview n’a pas été publiée. Je n’étais pourtant pas trop dur envers Erdogan, car je voulais
m’adresser aussi à ses électeurs. Mais la peur des journalistes est réelle. Le rédacteur en chef m’a appelé pour s’excuser. Je ne lui en veux pas. Je comprends. 


Que peut faire un écrivain dans cette situation ?

Il n’y a plus d’espaces de liberté. Asli Erdogan a été jetée en prison de la manière la plus cruelle et insensible qui soit. Ce n’est qu’en voyant les réactions nationales et internationales que son arrestation suscitait qu’ils se sont rendu compte de qui elle était : une écrivaine aimée, une personnalité unique. Elle est une nouvelle démonstration de comment toutes

ces arrestations sont faites gratuitement, sans effort, sans réelles raisons, sans même y penser à deux fois.

Après la tentative de coup d’Etat, 130 000 personnes ont perdu leur emploi, 40 000 personnes ont été arrêtées.

Rien ne légitimait cela. Ils disent que les prisons sont pleines et ils en bâtissent de nouvelles. Avec l’aide des services secrets, ils construisent des liens présumés entre n’importe quel citoyen et de prétendus terroristes du PKK (groupe armé d’indépendantistes kurdes – ndlr) ou de la confrérie Gülen (mouvement islamiste et conservateur dirigé par l’imam Fethullah Gülen – ndlr).

Or, n’importe quelle personne sensée en Turquie sait que c’est leur parti qui est lié jusqu’au cou avec le mouvement Gülen. Le militantisme est le seul espace qui reste. Kemal Kiliçdaroglu (à la tête du plus grand parti d’opposition – ndlr) s’est incarné dans cette voie-là, en initiant la grande marche pour la justice d’Ankara à Istanbul.»

em entrevista ao último  «Les InRockuptibles»

28 agosto 2017

Esta noite com a australiana

Jennifer Salisbury





Sobre Salvador Allende

Um novo testemunho
de Luís Sepúlveda




 aqui

Recado a um amigo com excesso de zelo

João, já pediste explicação ao
Julio Kuvalela da CASA-CE ?



No passado dia 26, à 1h. e 26 minutos, no Facebook, o meu amigo João Soares divulgou «resultados provisórios que me dizem de Luanda terem sido divulgados pela CASA-CE», e depois da lista completa por províncias, acrescentava que os « Números [que tinham sido] fornecidos fornecidos por: Julio Kuvalela da CASA-CE.»

Ora esses números sobre Luanda (onde, lembre-se, houve carradas de observadores internacionais e onde vimos na televisão os delegados dos partidos de oposição nas mesas de voto) divulgados por João Soares davam o seguinte :


 É só comparar.
P.S.: para já não falar de outras províncias,  só dizer que, para Cabinda, João Soares divulgou uma previsão da CASA-CE de 6,4 % para o MPLA que, segundo os resultados oficiais obtee 39,75%.

26 agosto 2017

Porque hoje é sábado ( )

Julien Baker

A sugestão musical deste sábado vai para
a jovem cantora norte-americana
Julien Baker.

25 agosto 2017

E esta noite

Voltando sempre
a Mulatu Astatke



 

Eurocentrismo ? Neocolonialismo ?

... porque raio é que a
União Europeia seria, na visão do Bloco, a entidade competente para fiscalizar as eleições em Angola ?
 

«Participei como observador  no processo eleitoral  que decorreu em Angola em 23 de Agosto. Integrei assim um conjunto de 249 observadores internacionais que tiveram a possibilidade de verificar pessoal e presencialmente todos os procedimentos deste processo eleitoral.(...)» - António Filipe no «Público» de hoje.

«Numa declaração conjunta apresentada à imprensa os antigos presidentes Pedro Pires, de Cabo Verde, Joaquim Chissano, de Moçambique, Manuel Pinto da Costa, de S.Tomé e Príncipe e José Ramos Horta, de Timor-Leste, convidados a supervisionar as eleições em Angola na qualidade de observadores internacionais, consideraram "pacíficas, livres, justas e transparentes" as eleições ».(na imprensa)


De hoje a uma semana




Orquestra Sinfonietta de Lisboa –
Maestro Vasco Pierce de Azevedo
Coro Lisboa Cantat – Maestro Jorge Alves
Solistas: Marco Alves dos Santos –
tenor; Nuno Dias – baixo


«O concerto da noite de sexta-feira tornou-se um elemento emblemático da Festa. Pela originalidade da sua inclusão anual há mais de duas décadas numa festa popular ao ar livre, mas também pela sua qualidade, pelo rigor sempre procurado de respeitar a música erudita tocada e o vasto auditório.
Mas há mais. O concerto transformou-se também numa criadora forma de assinalar tematicamente cada Festa. Sem cair na solução simplista (e comprovadamente limitadora) de criar «um tema para a Festa», o concerto abriu a possibilidade, pelas suas características, dimensão, complexidade e qualidade de, ano após ano, assinalar uma temática cultural e politicamente relevante e de lhe conceder importância no programa sem de qualquer forma limitar a sua criadora diversidade e a sua ligação profunda a um público diverso e interessado.
Em 2017 não haveria seguramente duas possibilidades temáticas: 100 anos de Futuro –  A Revolução de Outubro de 1917.
De imediato, parecia que era projecto a não criar grandes dificuldades: a Revolução Soviética gerou um período de fulgurante criatividade artística nos mais variados sectores a que música não foi alheia.
Mas o programa vai mais longe. Com toda a justeza, havia que referir que, pese a brutal submissão czarista, o povo russo produziu de há muito soberbas criações musicais que constituíram a resposta humana do povo e das suas criações mesmo face à tirania. Dessa criatividade recebeu a Revolução de Outubro um inestimável património.
E esse será o primeiro andamento do Concerto de 100 Anos de Futuro que este centenário comemora.
Seguir-se-ão as jornadas exaltantes que o eterno livro de John Reed baptizou no seu título Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo. Nesses dez dias e sobre esses dez dias centenas de composições musicais foram escritas – e elas constituirão o cerne do segundo andamento do nosso concerto. O assalto do Palácio de Inverno também se recorda com acordes, melodias, instrumentos, sons – música.
O terceiro andamento será a homenagem ao povo vitorioso, mas, sobretudo, à vitória do povo. A construção de uma revolução onde o trabalho assumiu o natural papel central e um mundo a cuja construção se lançava a classe operária e todos os trabalhadores. Teremos sobretudo o mais humano dos instrumentos musicais: a voz.
Na criatividade que recordar a Revolução exige e permite, não se esquecerá que os sons e as imagens são faces a mesma criatividade humana. Eisenstein e Dziga Vertov foram convocados para a sexta-feira da Festa, lado a lado com a Sinfonietta de Lisboa e o Coro Lisboa Cantat.

Programa

1. Alexander Borodine: «Danças Polovtsianas» da ópera «O Príncipe Igor»
2. Modest Mussorgsky /Maurice Ravel: «Quadros de Uma Exposição»
a) Baba Yaga
b) A Grande Porta de Kiev
3. Igor Stravinsky: Suite do bailado «Pássaro de Fogo»  
a) Dança Infernal do Rei Katchei
b) Final
 4. Dmitri Shostakovich: «Abertura Festiva», op. 96
5. Dmitri Shostakovich: Poema Sinfónico op. 131
6. Dmitri Shostakovich: Sinfonia n.º 12, «O Ano de 1917 — À memória de Lénine»
a) Aurora (3.º andamento)
b) O Alvor da Humanidade  (4.º andamento)
7. Canções Populares, Patrióticas e Revolucionárias Russas e Soviéticas
a) Kalinka (Ivan Petrovich Larionov)
b) Os Barqueiros do Volga (popular)
c) Partizans (popular) 
d) Puts (popular)
e)  Katiusha (Mikhail Isakowsy/ Matwec Blanter)

24 agosto 2017

Túnel do tempo

Recordando
Sister Rosetta Tharpe

(1915-1973)

Que jeitoso apoiante de Rui Moreira !

Olha, olha, «do Minho a Timor»,
quem assim fala não é gago,
é simplesmente parvo e reaccionário



«Logicamente que todos
os cidadãos que amam o
Porto vão votar Rui
Moreira
. Tenho a certeza
que os milhões de
estrangeiros que nos
todos os anos também
votariam nele, se
pudessem. Eu voto com
mais vontade porque
nasci e cresci nesta
maravilhosa cidade
que é um ex-libris
incontornável da
forma peculiar de
ser Português. Do
Minho a Timor todos
são portugueses
,
mas os do Porto têm lá o
étimo generativo (passe o
pleonasmo).»


Copiado de aqui

22 agosto 2017

A grande ralação do Brasil

Contra Chico, marchar, marchar !




Através de vários artigos de opinião (incluindo este de Pedro Tadeu) já chegou a Portugal a grande polémica e as críticas a Chico Buarque por numa sua nova canção falar de alguém que, louco de amor por outra, se dispõe «a largar mulher e filhos e de joelhos te seguir».

Não vou gastar muitas palavras sobre este momentoso caso. Só venho dizer-vos que, finalmente, me sinto vingado. É que, para não invocar o horrível «joga pedra na Geni, ela é feita para apanhar» do mesmo Chico, já em 1977, eu tinha denunciado esta mania de trazer para as canções factos da vida real como era bem patente na seguinte canção de Maria Bethânia que então  considerei como um hino à licenciosidade, ao machismo e à passividade e subalternidade da mulher nas relações amorosas e fiquei a falar sózinho.



Passam a três: Cuba, Uruguai e... Chile

Depois disto,
tinha de destacar isto


Ainda os horrendos crimes dos franquistas

Jamais esquecidos
e jamais perdoados




para quem tiver estômago, mais aqui

Espanha

Padres  que ainda 
estão na Guerra Civil

«Todavía en plena conmoción por los fallecidos en los atentados de Barcelona, en una parroquia del madrileño barrio de Cuatro Caminos, un sacerdote sube al púlpito y da su homilía. Se trata de Santiago Martín, el cura de la tele que durante muchos años puso voz al catolicismo institucional en TVE.
Quien esperase una intervención de piedad cristiana y solidaridad con las víctimas se equivocó.
Santiago Martín culpó a Ada Colau, Manuela Carmena y los comunistas en general (para él todos los de Podemos son comunistas, sin más) de los atentados de Cataluña. Concretamente aseguró: "Una parte de la culpa (y los abogados de las víctimas lo recodarán) es de Ada Colau (...) Menos hablar y más hacer cosas (...) Si yo fuera abogado de las víctimas, estaría planteando una demanda contra el ayuntamiento de Barcelona por cooperación". Sí, han leído bien. Por cooperación en atentado terrorista. A partir del minuto 40 está la homilía. Merece la pena oírla.»(ver continuação do diario.es aqui).

21 agosto 2017

A mão americana na Itália do pós-guerra

Tudo tem os
seus antecedentes 


[Addressing the Cathedral Club of Brooklyn, 15 January 1948; cited in David Caute, The Great Fear: The Anti-Communist Purge Under Truman and Eisenhower (Simon and Schuster, New York, 1979), p. 15.]
Se não fosse a última linha com a data, talvez muitos leitores pensassem que se tratava da declaração recente de algum membro da Administração Trump. Não, evidentemente que não, o sujeito não estava a falar de sírios, libaneses, palestinos,  muçulmanos, árabes ou coisa assim mas, espantem-se os mais novos, de italianos !!! E o contexto eram as preocupações dos EUA com a situação política na Itália do pós-guerra e a já significativa influência do Partido Comunista Italiano. Aqui, em «os papéis de Alexandria», oferecemos aos interessados  o capítulo (em inglês, sorry) do livro de William Blum retratando a ingerência norte-americana na vida política italiana nos anos de 1947-48.
 um exemplo :