20 outubro 2015

Dois pesos, duas medidas

Ora aqui está um ponto que 
pode ser muito importante ou talvez não


Na sua crónica de hoje no «Público», João Miguel Tavares, depois de defender à outrance o direito de Passos Coelho a ser o primeiro indigitado para formar governo sem que entretanto formule para tanto quaisquer exigências, requisitos ou garantias, já quanto a uma solução alternativa à esquerda, escreve o seguinte:
«O passo nebuloso de Cavaco Silva, e onde a sua intervenção se pode revelar decisiva, é este: se o governo PSD-CDS cair no Parlamento e António Costa vier a ser convidado pelo Presidente para formar governo, deverá ele ser indigitado sem um acordo sólido nas mãos? E se a única coisa que o líder socialista conseguir sacar ao PCP e ao Bloco for uma promessa de viabilização de um governo socialista e nada mais? Deverá, mesmo assim, Cavaco arriscar a indigitação de um primeiro-ministro que se armou em Popeye mas que foi perdendo todas as latas de espinafres pelo caminho?
Neste ponto, a resposta é tudo menos óbvia. Entre ter um governo de gestão desprovido de qualquer poder ou um governo abaixo de cão desprovido de qualquer legitimidade, venha o diabo e escolha. Cavaco tem de usar o seu peso político para impedir que tal aconteça. Desde logo, explicando a António Costa, ao PCP e ao Bloco que não podem continuar a negociar como se os ponteiros do relógio estivessem parados.
Se até ao final da ronda pelos partidos não houver frente de esquerda à vista, Cavaco tem mais é que encostar Costa às cordas, aconselhá-lo a ter juízo e pedir o óbvio: a viabilização de um governo de direita (...)».
E, assim, chegamos verdadeiramente a um espantoso suco da barbatana: ou seja, João Miguel Tavares defende que deve ser exigido ao PS tudo mas tudo o que não foi exigido 
a Passos Coelho e à PaF (e, de facto, não valia a pena pedir porque a coligação não tem com falar ou negociar e não pode garantir nada, nadica de nada).

2 comentários:

  1. Bem, pela hora do postado, e plo conteúdo do último parágrafo, VD deve andar alheado das declarações de Costa à saída de Belém.

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    1. Caro leitor: o que retirei das declarações que refere de Costa é que ele tem, mais coisa menos coisa, o que JMT reclama. Mas eu não estava a discutir o que se tem ou não tem: estava a contestar que alguém caia na esparrela de exigir para si próprio publicamente o que não foi exigido a Passos. Em suma, são planos de análise diferentes.

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