14 fevereiro 2015

As sondagens e...

... a liturgia maluca das décimas

Quem ler estes títulos no Expresso de hoje ficará a pensar que, de facto, alguma coisa se passou com esta última siondagem e que não ficou tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.

Mas vai-se a ver e os números divulgados pelo Expresso são estes (que, repare-se bem , no que toca ao partido de Marinho Pinto,  desmentem clamorosamente o «avanço» que os títulos lhe atribuem):

Aqui chegados, os leitores poderão perguntar: «mas então, ó Vitor Dias, não é verdade que o gráfico mostra variações em relação à sondagem anterior que vão do mais 0,2% ao menos o,3% ?».. E eu só posso responder que sim embora logo acrescente que o que falta saber e o que convém perceber é o que essas ínfimas variações realmente representam.

É que o Prof.  Pedro Magalhães, respeitado politólogo e especialista em sondagens,  está farto de alertar contra a pura vacuidade de consuiderações políticas em torno de variações de décimas nas sondagens mas ninguém lhe liga.

Se não vejamos:

- o Expresso diz que foram contactadas 1267 pessoas, das quais 252 se recusaram a participar, pelo que a amostra de respondentes ficou em 1015 pessoas;

- entretanto, como os resultados finais ( sempre os mais publicitados pelos media) são uma mera conjectura e extrapolação matemática de que os que disseram não saber ou não responder se comportariam em eleições como os que manifestaram reais opções de voto, há que ter em conta que como os resultados brutos (assinaladis com um quadrado vermelho) só somam 72,8%, houve então 27,2% dos inquiridos que disseram que votavam branco ou nulo ou não responderam, do que resulta que nesta sondagem só disseram realmente alguma coisa 741 pessoas.

E, assim, é agora chegado o tempo de perceber que, para um universo de 741 pessoas:

- a subida do PS de 0,2%  corresponde à preferência de mais uma pessoa e meia;

- a queda do PSD de 0,2% corresponde a perda do apoio de outra pessoa e meia;

- a queda da CDU de 0,3% correspone à perda da opinião favorável de 2,25 pessoas;

- a queda do CDS de 0,1% (a sinalética está errada) corresponde à perda do apoio de dois terços de uma pessoa;

- a subida do Bloco de 0,5% corresponde ao ganho do apoio de 3,25 pessoas;

- a subida do Livre de 0,2% corresponde ao ganho do apoio de mais uma pessoa e meia.

E tudo isto numa sondagem que se reconhece ter uma margem de erro de 3,06% o que representa uma incerteza sobre as opções de voto de dezenas de inquiridos !

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