04 novembro 2013

O longo caminho das ideias

Palavras de hoje e palavras
de há 17 anos (só para não
ir mais atrás)


No Público de sábado, pelo meio de um artigo de opinião, encontrei estas duas passagens:

A quem pertencem estas afirmações ? Pois, nem mais nem menos que ao General Loureiro dos Santos. E se aqui reproduzo estas afirmações, é porque, como tenho mostrado ao fazer aqui citações de Pacheco Pereira ou Manuel Ferreira Leite, não só tenho resistido ao fácil «tarde piaste» ou ao       « onde é que estavas quando...», como considero a situação nacional tão grave que, sem perder  a noção da separação de águas, estou numa de «tudo o que vier à rede contra este governo, é peixe».

Dito isto, não posso entretanto deixar de lembrar algumas coisas que, por mero exemplo, foram ditas no XVI Congresso do PCP, realizado em Dezembro de 1996, portanto há 17 anos (portanto, um bocadinho antes de Silva Peneda ou João Cravinho), deixando aos leitores a liberdade de reflectirem sobre o que esta comparaçao de citações ensinará:


«Essa mundialização adquire uma dimensão global na esfera financeira, com a actual circulação praticamente sem entraves do capital transnacional, especialmente do especulativo, processo facilitado pelos desenvolvimentos da informática e das telecomunicações. A crescente mundialização e mobilidade do capital exige e provoca uma crescente precarização dos estatutos laborais, tanto nos países capitalistas desenvolvidos como nos países dependentes.


Dada a dificuldade de obtenção de uma taxa de lucro satisfatória no sector produtivo, enormes somas de dinheiro são deslocadas para a esfera improdutiva, aplicadas particularmente em actividades rentistas e especulativas, bolsistas, cambiais, imobiliárias e tráficos ilícitos de vária ordem, como o da droga e do armamento. Esta «financeirização» crescente do capital, sendo um dos traços mais relevantes do capitalismo contemporâneo, exerce por sua vez uma punção contínua sobre a mais-valia criada na esfera produtiva. A colossal massa de dinheiro retido e movimentado nas actividades especulativas não só impede o desenvolvimento necessário e possível da esfera produtiva, mas submete-a aos seus próprios interesses de rentabilidade parasitária. Pelo seu volume desmedido, pela tendência a empolar-se cada vez mais, pelo risco aleatório do seu movimento, esse capital fictício financeiro-especulativo faz pairar sobre a economia dos países e do mundo a instabilidade monetária e o perigo de colapsos bolsistas devastadores.»


3 comentários:

  1. Em consequência acho que o capitalismo se está a destruir a si próprio.
    JM

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  2. E a mim apetece-me dizer "tarde piaste e copiaste". Só gostava de saber porquê! Algo anda escondido na manga!!!

    Um beijo.

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  3. E depois há (e/ou havia) uns anónimos ou «ilustres desconhecidos» que «nas bases» e sendo (ou não) actvistas políticos (depende das perspectivas que cada um tem sobre «activismo político») escreviam sobre isto nos idos de 1982/83... Ou seja, esta estória da globalização é uma estórtia que vem de longe; havia qem falasse disso antes da palavra ter sido inventada e não há nada mais frustrante do que ter razão antes de tempo. Ou então «piar demasiado cedo».

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