25 setembro 2011

Voltando à vaca fria ou até enjoa


Lamúrias

e autoflagelação (arrastando outros)


Só mesmo a falta de assunto mais vivo e interessante pode ter levado Vasco Pulido Valente a, na sua crónica hoje no Público, voltar a remoer lamúrias e a exercitar autoflagelações em relação à chamada «geração de 60», a dele, a minha, a de tantos outros, a que ele chama tristonhamente «uma geração perdida» . E também só por falta de assunto, e para supremo aborrecimento de leitores mais fiéis é que, num dia tão bonito como este, volto a responder a uma mistificação e a uma descarada e absurda amálgama em torno da «geração de 60», coisa que aliás já fiz há tempos no perdido «tempo das cerejas», mas em resposta a Helena Matos, sob a fictícia e irónica forma de «carta aberta à geração de 60» (e antes disso, em 2006, em artigo no Público)

É que, francamente, parece que vou morrer sem conseguir entender porque é que cidadãos e cidadãs diversos, com orientações e percursos políticos e ideológicos tão variados hão-de entrar, quase quatro décadas depois, na mesma caldeirada de culpas, responsabilidades e fracassos só porque nasceram entre 1940 e 1950 e tiveram na década de 60 e pelo menos até ao 25 de Abril um determinado protagonismo cívico e político (ele mesmo com traços diversos) de sentido antifascista.

Vasco Pulido Valente, metendo tudo no mesmo saco, chama-lhe pois «uma geração perdida». Eu, por mim, limito-me a plagiar Pablo Neruda ditando modestamente para a acta que «confesso que vivi». E, naturalmente, de modo diferente de Vasco Pulido Valente.

2 comentários:

  1. (...)Se a felicidade é dada pela satisfação da linha de conduta,pela satisfação de que se procede bem,nada,nada nem os próprios gritos da carne esfacelada,nem lágrimas de emoção,nem a revolta instante e desesperada,pode destruí-la.Porque acima dos próprios gritos,das próprias lágrimas,do próprio desespero,fica sempre a certeza duma vida voluntariosa e independenteou-se se preferir a expressão-recta,leal,digna(...)
    Álvaro Cunhal in"ODiabo" nº233 de 1939
    Eu gosto disto!
    Do VPV nem um bocadinho...1º de Outubro é já a seguir!
    Abraço

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  2. Eu nasci antes de 1940. Mas convivi com muitas pessoas da geração de 60.Uns mantiveram-se na luta, outros cansaram-se. No entanto acho que foi uma geração corajosa apesar de alguns se terem passado para outro lado. De quais falará VPV?

    Um beijo.

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