15 novembro 2014

Os factos são uma chatice

De como desqualificar sem discutir

[Mapa muito útil para todos os que sempre omitem onde , por acidentes ainda que dramáticos da história, ficava geograficamente Berlim Ocidental, ou seja dentro de outro Estado distinto e soberano. É como se, durante o roubo pelos EUA do Texas ao México, este país tivesse conservado metade de Dallas. E aí talvez São José Almeida e outros sejam capazes de nos explicar o que é que hoje, avaliar pelos 1200 quilómetros de barreiras na fronteira México-EUA , cercaria essa parte mexicana de Dallas.]

No quadro de uma descabelada catilinária contra um comunicado recente do PCP, a jornalista São José Almeida, entre outros exemplos, perpetra hoje em artigo no Público uma citação e uma resposta (?) que são só por si uma espantosa ilustração do que não pode ser o debate político ou de ideias.

Afirma ela que


Repare-se bem: contra uma série de factos históricos, a jornalista apenas debita «só para que conste: Estaline esteve em Yalta e Postdam».

Francamente não percebi o alcance do seco comentário: sim, Estaline esteve lá mas será que isso para a jornalista retira valor político e jurídico aos compromissos então assumidos entre as potências vencedoras de 2ª Guerra Mundial ? (recorde-se que a afirmação do PCP foi a de que a criação da RFA era contra aqueles tratados).

E, para já, termino apenas servindo aqui as cronologias que até a Wikipédia formece mas que São José Almeida se recusa a confirmar ou a negar.




8 comentários:

  1. São José Almeida alinha com as conversas dos blogues dos assessores laranjas, tipo blasfémias, insurgentes, cortas-fitas, etc. Há anos que faz barreira, no mesmo exacto sentido, com conhecido ex-jornalista, Pedro Correia, entretanto bandeado para assessor ministerial da presente e bondosa maioria. Chega-lhe o cv para escrever crónicas destas, o habitual chorrilho de lugares comuns e banalidades anti-pc.

    Que diferença, dum excelente texto escrito à esquerda em http://no-moleskine.blogspot.pt/2014/11/o-muro-de-berlim.html. Esse sim, um texto crítico, a sério, sem cair em simplificações propagandísticas e grosseiras.

    São José Almeida terá de certeza problemas de ex-comuna. Mas os dramas psicanalíticos não justificam prosas jornalísticas.

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  2. É de facto uma pena a incapacidade de ir ao fundo dos acontecimentos no que à história se refere. Na passada semana, apareceu uma fotografia no Guardian que daria aos jornalistas lusos uma amostra, por pálida que seja, do que aconteceu nesse tempo histórico, sobre quem é que cumpria o acordado e quem é que não cumpria. Talvez seja interessante São José Almeida ir relembrar-se, se é que alguma vez soube, das declarações de Churchill no Parlamento Britânico, sobre se a URSS cumpria ou não o acordado em Ialta e em Potsdam. Quem violou o acordado não foi a URSS. Estudem a fundo, vão às fontes, usem quem saiba russo, inglês, alemão se dúvidas tiverem, mas não sejam preguiçosos. Porque se não é por preguiça, então é porque são apenas reprodutores da "Voz do Dono". Que cada um meta a carapuça que quer!

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  3. Afinal até o Vitor Dias advoga, que para defender o socialismo, ou lá que especie de regime houve no Leste da Europa, .se devem construir muros.

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    1. Caro anónimo: não advoguei nada do que diz, apenas registo que a história foi assim. E o leitor advoga o muro de 1220 km entre os EUA e o México, os muros na Palestina e o esquecido muro altamente militarizado ao longo de todo o paralelo 38 na Coreia e criado pela Coreia do Sul ?

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    2. O leitor precipita-se. É o que se chama ejaculador precoce, uma espécie de analfabetismo que se espera não o acometa de outras vezes - embora mereça.

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  4. O melhor da crónica de São José de Almeida é o link para o comunicado para o PCP. Valha-lhe esse mínimo de honestidade intelectual, que nem todos tiveram. Assim, lendo um e outro, cada qual pode ajuizar por si próprio, sobre o rigor, a profundidade e a pertinência do texto, e as incompreensões, as deturpações e as manipulações do comentário.

    É tal o desejo de colar a posição do PCP a uma pretensa adesão ou simpatia pelo stalinismo que a jornalista traz na cabeça - quando é que esta mulher derruba os muros que erigiu na tola? -, que até consegue a proeza de, num mesmo parágrafo, acusar o PCP de stalinismo e do seu contrário, de “revisionismo” (a expressão é dela e refere-se, na sua boca, a qualquer coisa como a revisão de princípios e práticas “doutrinárias” de que a ortodoxia stalinista seria o garante).

    Assim, por um lado acusa o PCP de elogiar Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, destacados dirigentes revolucionários, fundadores do partido comunista alemão, mártires heroicos da luta do proletariado, referências da luta de todos os comunistas, desde sempre homenageados pelo PCP, que associa a uma atitude “revisionista” e lhe provoca um sorriso burgesso de ignorância, e por outro acusa o PCP de delírio e reescrita da história, que associa a uma lógica stalinista que anquilosaria o partido.

    Incapaz de rebater os factos históricos que cita do comunicado, que sem um único argumento sentencia de “falsificação histórica”, refugia-se no incrivelmente patético, bem assinalado no post, “Estaline esteve em Yalta e Postdam”. E daí? O Churchill também!

    Mas é com esta extraordinária qualidade de argumentação que a jornalista conclui, despudoradamente, da lógica estalinista do PCP.

    Dá vontade de parafrasear a própria no seu último parágrafo:

    Que São José de Almeida é esta que assina este texto? Em que mundo vive a jornalista do Público que escreveu este texto? Que seriedade e qualidade podem os leitores esperar de uma jornalista que é responsável por esta crónica?

    HM

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  5. Lenine falava do elán russo e do elán americano. O primeiro era mais meditativo e o segundo mais prático. Falava mais ou menos assim para definir o comportamento dos povos e isso aplica-se perfeitamente à 2.ª Guerra e à ingenuidade russa no caso da Alemanha. Os americanos lá estão e lá continuam (até acho bem como forma de prevenir o belicismo alemão) com 23 bases fortemente armadas e 50 mil soldados. (Só não mais soldados devido à crise americana) e ninguém se chateia com essas fronteiras bélicas. Ninguém dá por elas ou pela sua existência mas eles lá estão enquanto os soviéticos acossados pelo capitalismo diletante com Gorbatchov na dianteira saíram de qualquer maneira. A RDA foi um país que apoiou os povos colonizados muito para além da independência, a todos os níveis, sobretudo fornecendo bens técnicos e científicos que no caso de Moçambique nunca chegaram a ser contabilizados e envolviam lentes Carl Zeiss, câmaras de filmar, toda uma tecnologia de vanguarda que serviam para o desenvolvimento técnico, cientifico e social. Os fornecimentos eram feitos com facturas proformas que nunca passaram a firme e a RDA suportava tudo a custo zero. Em contrapartida o que fazem os americanos na Alemanha para além de servirem de suporte à NATO? Também serviram para escutar a senhora Merkel o que a deixou muito abalada mas parece que já se esqueceu da vergonha..
    Monteiro

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  6. Os muros são TODOS condenáveis, e não é por Israel ou os EUA, terem construidos muros, que isso pode servir de justificação ao muro de Berlim.

    Afinal o SOCIALISMO pretendia ser um regime do POVO e para o POVO, e diferente dos regimes capitalistas, mas se calhar rna RDA não vigorava um regime socialista.

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